sábado, 2 de abril de 2011

Silagem

Considerada uma espécie de “reserva” de alimento para os animais durante o período mais seco do ano, é uma segurança que o produtor tem de que não vai faltar comida para seu gado. O caminho futuro da produção rural é a integração agricultura-pecuária, associada a moderna tecnologia. Cada vez mais observa-se o sucesso naquelas propriedades onde encontra-se um bom agricultor e também um bom pecuarista. É a chamada agropecuária empresarial. Silagem não pode ser somente reserva de alimento, deve sim ter qualidade nutricional e ser uma fonte de energia e proteína que será transformada em carne ou leite.
Deve-se abandonar os conceitos antigos, que não motivam os produtores a utilizarem esta forma de alimento, baseados em resultados e conceitos modernos da silagem, que atenderão a pecuária moderna.
É necessário ter como objetivo principal o crescimento econômico da produção animal, dentro de sistemas competitivos aos padrões internacionais.

2 – Objetivos

-  armazenar alimento com alta nutrição.
-  aumentar o conteúdo energético e a digestibilidade do volumoso.

3 –  Silagem de forrageiras tropicais
A distribuição da produção forrageira nos trópicos é estacional, alternando-se, durante o ano, períodos favoráveis e desfavoráveis ao crescimento das forrageiras. Os efeitos desse fato sobre a pecuária de leite e de corte são evidentes. Durante o inverno é comum os animais perderem peso; enquanto no verão, terem ganhos acentuados. 
A reprodução e a produção de leite também são afetadas uma vez que os animais só entram em cio e produzem leite com adequada disponibilidade de forragem, o que acabará afetando também o peso à desmama dos bezerros. 
A capacidade de suporte das pastagens também sofre flutuações, já que a oferta de forragem é variável. O preço da arroba de carne oscila durante o ano por causa dos períodos de alta e baixa disponibilidade de animais prontos para abate.
Para tentar solucionar ou, pelo menos, minimizar o problema, o pecuarista pode adotar inúmeras estratégias, cada uma apropriada às condições do sistema de produção que estiver sendo utilizado na propriedade.

3.1 – Ensilagem
É uma técnica que consiste em preservar forragens por meio de fermentação anaeróbica, após o seu corte, picagem, compactação e vedação em silos. O produto final dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de microrganismos sobre os açúcares presentes nas plantas com a produção de ácidos, resultando em queda do pH até valores próximos de 4.
A prática da confecção de silagem tem sido cada vez mais comum na produção de gado de corte, principalmente em regiões com exploração pecuária mais tecnificada, onde a procura por melhores índices zootécnicos e rentabilidade econômica tem levado grande número de produtores, que utilizam o confinamento, a adotarem sistematicamente essa prática. Outro fator que tem contribuído para o aumento da ensilagem é a integração agricultura-pecuária, entrando a lavoura como forma de reduzir o custo de recuperação ou renovação de pastagem.
A relação preço do grão/preço da carne bovina no Brasil, em comparação com outros países, é desvantajosa; fato este que torna também interessante a prática da ensilagem. O lançamento de novas cultivares de milho e sorgo, bem como a experiência com novas cultivares de capim (tanzânia, mombaça, brizantão, tifton e outros) também tem estimulado a produção de silagem.

4 – Vantagens da silagem

Algumas vantagens do uso da silagem têm sido citadas:
  1. Produção de 30% a 50% mais de nutrientes em comparação à produção de grãos. 
  2. Manutenção do valor nutritivo, quando ensilado adequadamente.
  3. Liberação de área mais cedo, para uso de safrinha ou formação de pastagem.
  4. Requer menos espaço de armazenagem, por unidade de matéria seca, do que a fenação.
  5. Alta aceitabilidade.
  6. Processo totalmente mecanizado.
  7. Menor custo das máquinas em relação à fenação.
  8. Menor dependência das condições climáticas.

5 – Desvantagens do uso da silagem
Estas também têm sido observadas:
- Estrutura especial de armazenamento – Apesar de poder ser armazenada em silos horizontais do tipo superfície, estruturas como silo trincheira podem favorecer o enchimento, a compactação e o armazenamento. 
- Alta umidade significando grande quantidade de água transportada e armazenada.
- Redução da matéria orgânica e exposição do solo à erosão – Esse problema pode ser minorado com a adoção de técnica de plantio direto.
- Custo elevado em relação ao custo das pastagens – um dos fatores que mais influem no custo final da silagem é a produção por hectare. Por isso, o produtor deve cuidar o melhor possível de suas áreas de produção de forragem. 
- Ultimamente, os custos de produção de silagem têm aumentado em conseqüência das alterações cambiais, já que estas aumentam os preços dos insumos. 
 Por causa do menor custo, em comparação à silagem de milho ou de sorgo, as quantidades de silagens produzidas de capins, como mombaça, tanzânia e brizantão, têm aumentado significativamente. Entretanto, é preciso esclarecer que nem sempre a silagem mais barata será a que irá produzir a arroba de carne de menor custo na medida em que poderá exigir maior quantidade de concentrado.

5 – Forrageiras para ensilagem

O milho e o sorgo são culturas mais adaptadas ao processo de ensilagem, resultando geralmente em silagens de boa qualidade sem uso de aditivos ou pré-murchamento. O milho é a cultura mais indicada para locais de solos mais férteis e clima mais favorável e com alta tecnologia, enquanto que o sorgo, que contém 80% a 90% do valor energético do milho, tem sido indicado para locais de solos pobres, sujeitos a veranicos ou próximos de centros urbanos. 

5.1- Outras opções de forragens para ensilagem seriam: 

- Milheto – inferior ao milho e ao sorgo por conter menor quantidade de grãos.
- Girassol – tem sido recomendado para cultivo de safrinha, sendo sua maior limitação o excesso de umidade no ponto de corte.
- Raiz e parte aérea da mandioca – a parte aérea da mandioca é considerada um alimento superior à maioria dos capins empregados na ensilagem.
- Capim-elefante – bastante utilizado para produção de silagem em regiões de pecuária leiteira por causa de sua produtividade, elevado número de variedades, grande adaptabilidade. O corte, quando feito entre 60-70 dias, pode produzir silagem de boa qualidade, desde que cuidados sejam tomados para reduzir o problema do excesso de umidade.
- Capins tropicais – pelo menor custo (geralmente 50% do custo da silagem fresca de milho ou de sorgo) tem aumentado o interesse dos produtores pelas silagens de outros capins, como o mombaça, tanzânia, marandu e outros. É mais indicado para regiões sem aptidão agrícola, podendo ser uma boa alternativa para aumentar o estoque de forragem para seca, particularmente para categorias menos exigentes, como animais de cria e de recria, ou para regiões que disponham de concentrados baratos.
A possibilidade de mais de um corte/ano e posterior aproveitamento do rebrote para pastejo podem compensar as dificuldades encontradas na confecção da silagem de capim. 
Dentre essas, as de maior importância são os baixos teores de matéria seca e de carboidratos solúveis nesse tipo de forragem. Pode-se aumentar o teor de matéria seca na planta, fazendo-se um corte mais tardio.
Entretanto, isto vai resultar numa redução do teor de carboidratos solúveis e da digestibilidade. A recomendação é que cortes sejam sempre feitos antes da florada, e quando a planta apresenta alta presença de folhas verdes (entre 60 e 85 dias de crescimento). Isto deveria coincidir com o teor de matéria seca próximo ou superior a 25% no momento do corte. 
Forragens com teores de matéria seca abaixo de 25% precisam sofrer algum tratamento extra antes ou durante sua estocagem no silo.

6 – Silagem de milho

A grande aptidão da planta de milho para ensilar tem a ver com os seguintes fatores:

- Permite altas produções por hectare de um alimento de elevado valor nutritivo (energia).

- A silagem é um alimento com boa consistência e palatibilidade.

- Pode ser ensilado imediatamente a seguir ao corte, quando as características da planta estão próximas das ideais.

- Permite uma rápida colheita.

- Bom domínio da técnica de produção e conservação.

Precocidade: Milhos mais precoces permitem colher mais cedo, antes das primeiras chuvas (fins de Setembro, inícios de Outubro).

Rendimento: Um rendimento ótimo está associado a um bom desenvolvimento vegetativo, bem como à riqueza em grão. Este fato é importante na medida em que o animal tem grandes necessidades de Unidades Forrageiras (Leite e Carne). Também deve ter-se em atenção que um bom rendimento, para além de outros aspectos culturais, depende da densidade de plantação.

Riqueza em grão: A maçaroca contribui com 60% do valor da planta, sendo especialmente rica em açúcares (amido).

Utilização de aditivos/conservantes: Após o fecho do silo, a planta de milho sofre uma sequência de reações químicas que transformam os seus açúcares solúveis em ácido láctico. Estas transformações levam à acidificação do material, cujo pH deverá situar-se abaixo de 4, valor que limita as fermentações indesejáveis (ação da flora butírica) e assegura uma boa conservação da silagem de milho.A utilização de aditivos/conservantes é de recomendar, principalmente quando:

- O processo da ensilagem é feito com chuva;

- O teor de MS na altura da ensilagem não é o ideal;

- O enchimento do silo demora vários dias (silos sobredimensionados).

Neste caso existem no mercado produtos à base de bactérias lácticas, enzimas e ácidos com bons resultados no controlo da fermentação.

Avaliação da qualidade da silagem: A avaliação subjetiva da silagem, no que respeita  aos parâmetros cor, odor, teor de matéria seca, pode não ser, só por si, suficiente para avaliar a qualidade da silagem; daí que seja recomendável que se façam algumas determinações químicas, nomeadamente o pH.

7 – Silagem de sorgo

Entre as opções de forrageiras com bom valor nutritivo cita-se o sorgo e este pode ser utilizado tanto para produção de grãos como de forragem para pastejo ou conservação na forma de silagem ou feno. É uma cultura que produz silagens com boas características fermentativas e destaca-se por ser um volumoso com adequada concentração de carboidratos solúveis, essenciais para a fermentação lática. Depois do milho, é a cultura anual mais importante para produção de silagem, pois possibilita produção economicamente viável (alta produção por unidade de área), possui bom valor energético e níveis médios de proteína (cerca de 8% de proteína bruta). Outra característica importante do sorgo é a boa adaptação às variadas condições de clima e de solo.
A silagem de sorgo tem importância estratégica, pois quando é produzida com base nos princípios básicos para obtenção de silagem de boa qualidade apresenta valor nutritivo equiparado ao da silagem de milho e com a principal vantagem do menor custo de produção, uma vez que a produtividade do sorgo é maior que a do milho
Algumas vantagens do sorgo em relação ao milho são:

- Os rendimentos de forragem verde em ótimas condições de clima e de fertilidade podem superar os obtidos com o milho. Há variedades de alta produção (sorgos forrageiros) que podem produzir cerca de 100 t/ha de massa verde, em dois cortes;

- Menor exigência quanto ao tipo e à fertilidade do solo;

- Capacidade para suportar extensos períodos de falta de água e rebrotar rapidamente depois da ocorrência de chuvas que umedecem suficientemente o solo;

- Adapta-se melhor que o milho em regiões onde há escassez de chuvas;

- Não é sujeito a roubos, como ocorre com as espigas de milho; no entanto, pelo fato de ter os grãos expostos sofre intenso ataque de pássaros.

O processo de ensilagem é composto por várias etapas, entre as quais citam-se: colheita e fracionamento da forrageira, transporte, enchimento do silo, compactação da forragem e, finalmente, vedação do silo. Antecedendo essas etapas, há uma atividade de importância significativa, que é a produção da forrageira que será ensilada. Esta é a base para que a eficiência econômica seja atingida, pois a produtividade da cultura está estreitamente relacionada com o custo de produção, ou seja, quanto maior a produção por unidade de área menor será o custo de produção da silagem.
A produção de silagem de boa qualidade inicia-se pela escolha do híbrido e esta escolha deve ser embasada em informações relativas às características agronômicas e qualitativas. Há no mercado disponibilidade de híbridos de sorgo para adaptar-se às diferentes regiões, sendo que numa mesma região tem-se a opção de escolha em função do ciclo, resistência e produtividade. Outra observação deve ser quanto à produção de grãos, pois quanto mais grãos na silagem, maior será o porcentual de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) que é o teor de energia da silagem. O conveniente é fazer a escolha de acordo com o maior número de características desejáveis tais como ciclo, porte, participação de grãos, digestibilidade e teor de fibra, sanidade foliar, resistência a doenças e ao tombamento.
A escolha de híbridos mais adaptados às condições em que serão cultivados é fator importante para obtenção de maiores produções por unidade de área, mas é importante lembrar também que não só os fatores genéticos e de clima influenciam a produtividade do sorgo, mas, também, a quantidade de sementes, a época de semeadura, a população de plantas, o preparo, correção e fertilização do solo e o controle de plantas daninhas, pragas e doenças são fundamentais para obter alta produtividade.
Atualmente, sorgo forrageiro é aquele que produz massa (forragem) e grãos. Existem cultivares adaptadas para utilização na forma de grãos, que são as que apresentam menor porte. Entretanto, dois cultivares de sorgo se destacam para produção de silagem:

-  Sorgo Granífero - apresenta maior proporção de grãos e geralmente são de porte inferior aos sorgos forrageiros. Produzem silagens com excelente valor nutritivo em razão da presença de grãos; porém, a produção de massa verde é baixa, cerca de 30 t/ha;

- Sorgo duplo propósito - Produzem silagem com valor nutritivo semelhante à silagem de milho em razão da elevada participação de grãos. A produção de matéria verde é, em média, 50 t/ha, no primeiro corte e, a produção da rebrota pode atingir até 50% da produção obtida no primeiro corte, se as condições de clima e solo forem favoráveis.

Um dos aspectos mais importantes no processo produtivo, não somente do sorgo mas de qualquer espécie forrageira, é o manejo cultural e esse se traduz em atenção especial quanto ao local de plantio, preparo, correção e fertilização do solo, qualidade da semente, época e profundidade de semeadura, regulagem adequada da semeadora, espaçamento correto, densidade de plantas por área, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e época ideal de colheita. Esses parâmetros, quando conduzidos com critério, influenciam positivamente nos diversos estádios de desenvolvimento da cultura, refletindo de forma significativa no potencial produtivo e qualitativo da espécie.
Fragmentação: A planta do sorgo deve ser fragmentada em partículas de 0,5 a 2,0 cm e este cuidado deve ser criteriosamente seguido, pois é um dos principais segredos para obter silagem de boa qualidade. São inúmeros os benefícios do tamanho adequado de partículas, que vão desde o enchimento do silo até o processo digestivo e o desempenho dos animais.
Silagens compostas por partículas pequenas são mais fáceis de serem misturadas a outros alimentos e são menores as perdas no momento da retirada do silo e durante a alimentação dos animais. Pequenas partículas também facilitam a mastigação, a ruminação e a digestão, com reflexos positivos no consumo e no desempenho dos animais.
Para que essa prática seja realizada de forma correta é importante vistoriar as condições das facas da ensiladora e isso deve ser feito com antecedência a colheita e durante a realização desta; e se as facas estiverem desgastadas deverão ser afiadas ou trocadas.
A produção de silagem de sorgo com bom valor nutritivo e baixo custo somente é possível se houver um planejamento antecipado das atividades e este deve ser cuidadosamente detalhado para que todas as etapas do processo de ensilagem sejam realizadas com eficiência. É importante salientar que, quanto maior produção forrageira por unidade de área, menor será o custo de produção da silagem.
Além do planejamento detalhado e da organização das atividades, o capricho na execução de cada etapa e o acompanhamento de todo o processo se traduz em tecnologia de baixo custo, e a adoção correta de tecnologia é garantia de eficiência, ou seja, de lucro.

8- Tipos de silagem

-         superfície: é o mais barato, pois só se gasta com a lona.

-         Trincheira: é o mais indicado e melhor.

-         Encosta ou torre: é muito caro, porém útil.

-         Cisterna: caro e útil.

-         Silo tubo: é extremamente útil, porém caríssimo.

O silo de superfície tem a desvantagem de ter de difícil compactação, pois eleva se ao nível do solo, começa desbarrancar, porém de baixo custo.
O silo trincheira é o melhor indicado, pois tem melhor compactação, melhor vedação (ao nível da superfície), e armazena a mesma quantidade que o de superfície, porém mais caro.
O silo torre é muito mais caro que a trincheira, perfeita para se aproveitar locais de barrancos.  É de difícil manejo na compactação e na retirada. Assim ocorre com o silo tipo cisterna.
O silo tubo é muito útil, em enchido como em forma de lingüiça, é mais prático porém é de altíssimo custo.
O corte e definido quando o grão apresenta consistência farinácea. No caso do milho, o grão deve estar passando um pouco do ponto de pamonha.
As plantas mais utilizadas para se fazer silagem são o milho, sorgo, capim, cana e girassol.
A silagem de cana não é boa ser feita isolada.  Como energética a cana é muito boa porém seu nível de proteína é muito baixo, por isso é um alimento pobre que então não fornecem uma boa silagem de qualidade. Ele está então, sendo substituída pela uréia por esse motivo. Não se deve usar cana para fazer silagem, pois na seca ela ainda está verde.
O processo de todos é o mesmo.
O ponto de corte do milho é com aspecto farináceos, antes disso tem-se aspecto leitoso.
Na silagem de grãos úmidos, pica-se somente a espiga, porém o processo é o mesmo do capim.
A revisão periódica do corte das facas da ensiladeira é muito cortante para que o tamanho das partículas picadas seja sempre igual. As partículas não devem ser grandes nem pequenas.
Para encher o silo trincheira, deve-se começar de trás para frente e para retirar a silagem de dentro da trincheira, deve ser de frente para trás. A compactação também deve ser feita de trás para frente e quando se começa a colocar a silagem.
Ao final, fecha-se o silo com tábuas e terra.
A compactação é importante para que não se forme ar dentro da silagem impedindo que ela estrague formando bactérias aeróbias. A compactação forma que somente bactérias anaeróbica, que não estraga o silo.
 Deve-se fazer uma canaleta ao redor do silo para que água da chuva vai embora e ao final do silo, deve-se deixar acima da superfície do solo para que água da chuva escorra. Tampa-se o silo com lona e terra por cima, para impedir a entrada de água, protegerá lona de estrago, melhorar e fortalecer a compactação, além de evitar a passagem de animais por cima do silo.
Silagem é indicada somente para ruminantes.
Depois da abertura do silo, retira o necessário em camadas de 15 em 15 cm e cobre-se novamente a compactação do bastante com tábuas e terra para impedir a entrada de bactérias aeróbicas e para proteger a silagem até a próxima retirada. Deve se retirar 15 cm a cada dia depois de aberto, se um dia a camada não for retirada, no outro dia retira-se a primeira camada de 15 cm, joga fora e aproveita-se nos próximos 15 cm.
A uréia não é um aditivo aconselhável da silagem, ela é uma base, enquanto o conservante da silagem é o ácido lático (antagonismo) estragando o material.  Ela aumenta os carboidratos na silagem, sendo inútil. Não usar uréia, e se usar, tomar cuidado de distribuir o uniformemente a uréia na silagem para que não fique concentrada em um só local e conseqüentemente apodreça a silagem.
O milho é considerado o melhor para associar a silagem do que o sorgo e o girassol, devido à sua melhor palatabilidade. O sorgo possui tamino que tem baixa palatabilidade (gosto de banana verde) e o girassol também possui baixa palatabilidade.
A silagem não é interessante para eqüinos porque causa fermentação e conseqüentemente cólicas levando animal morte.

9 – Fatores que afetam a qualidade da silagem

Um dos fatores que afetam grandemente o tipo de fermentação e a conservação da massa ensilada é o teor de matéria seca, cujos valores ideais devem se situar entre 26% e 38%. Teores maiores de umidade favorecem o desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium, produtoras de ácido butírico, além de aumentar as perdas de nutrientes pela liberação de efluentes. Entretanto, uma forragem muito seca torna difícil a compactação e eliminação do ar.
O poder tampão, bastante alto nas leguminosas, é outro fator que interfere na qualidade da silagem. 
O teor mínimo de carboidratos solúveis na forragem a ser ensilada deve ser de 6% a 8% da matéria seca e estes têm sido os valores encontrados nos capins tropicais contra valores acima de 15% nas plantas de milho e de sorgo.
O carregamento lento, a colocação de camadas diárias finas, a falta de compactação e o atraso na vedação (acima de quatro dias) são procedimentos que concorrem para aerar a massa e promover perdas no processo.
É importante que haja uma adequação entre o tamanho do silo e as disponibilidades de mão-de-obra e de equipamentos. 
As máquinas devem estar bem preparadas para fazer um corte eficiente da forragem (1 a 2 cm). Isto vai favorecer a compactação e aumentar a superfície de contato acelerando a fermentação. 
Nos silos horizontais do tipo superfície, a ausência de paredes laterais, para possibilitar a compactação mais intensa, cria condições favoráveis a maior penetração do ar e, conseqüentemente, perdas mais pronunciadas. O uso de silos do tipo "bunker" (paredes laterais de madeira ou de alvenaria) ou silo trincheira, pode minorar esses efeitos, favorecendo o enchimento e a compactação. 
Para melhorar a qualidade particularmente das silagens de capim pode ser conveniente o uso da alguns artifícios, como a pré-secagem para forragem com menos de 25% de matéria seca. No mercado existem máquinas capazes de recolher o capim pré-secado.  
Outra alternativa é o uso de aditivos de elevado teor de matéria seca. Eles funcionariam como extratores de umidade, aumentando, assim, o teor de matéria seca da massa a ser ensilada e, conseqüentemente, melhorando as condições para fermentação. 
Dentre esses aditivos, citam-se: fubá (10 – 40 kg/t), raspa de mandioca (75 kg/t), espiga de milho integral moída (150 – 250 kg/t), polpa cítrica seca (100 – 200 kg/t), casca de soja (100 – 200 kg/t). Esses aditivos, para atuarem adequadamente, devem ser misturados de forma mais homogênea possível na massa ensilada.  
Outros aditivos utilizados para estimular a fermentação são os biológicos e/ou enzimáticos. Contribuem para aumentar significativamente o custo da silagem, mas, com os capins tropicais, os resultados obtidos têm sido bastante inconstantes em termos de melhoria da qualidade da silagem obtida. Pela dificuldade de utilização na prática de métodos como a pré-secagem e/ou  incorporação de aditivos secos, os inoculantes biológicos comerciais têm sido utilizados por causa da facilidade de aplicação. O inoculante pode ser aplicado por meio de uma bomba com reservatório acoplada no trator com bico pulverizador acoplado à ensiladeira ou com pulverizador costal no momento de carregamento e compactação da forragem.
Um aditivo de característica nutricional, como o melaço (30 – 40 kg/t), seria indicado para material pré-secado ou com teor de matéria seca acima de 25%. 
O último passo na utilização da silagem, também importante, consiste da retirada diária da massa ensilada. Ela deve utilizar uma fatia mínima de 20 cm do silo, evitando-se deixar partes do silo descobertas e massa de silagem remexida para o dia seguinte. 

10- Aditivos

Para melhorar as condições de fermentação ou para melhorar o valor nutritivo das silagens, alguns aditivos podem ser usados, como é o caso de fenos, palhas, fubá, uréia, melaço etc. Estes aditivos são empregados principalmente na ensilagem do capim-elefante, mas a uréia pode ser empregada também na ensilagem do milho. O aditivo escolhido é espalhado após cada camada do material colocado no silo, de maneira que fique bem distribuído dentro da massa ensilada. São empregados nas seguintes proporções: 
- uréia: 0,5% (na ensilagem de milho ou capim-elefante), 
- melaço: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante) ou 
- fubá: 3 a 5% (na ensilagem de capim-elefante) 
Para facilitar a distribuição da uréia ou do melaço, estes podem ser divididos em água (1 kg: 1 l). 
O principal problema para a ensilagem de capim-elefante é o elevado teor de água da planta. Para minimizar este problema usa-se, ou fazer o pré-murchamento, ou adicionar materiais mais secos junto com o capim no silo. Uma opção é usar o feno da parte aérea da mandioca (rama + folhas secas) na proporção de 5%, ou mesmo a parte aérea fresca da mandioca, picada, na proporção de 25%. Milho desintegrado com palha e sabugo ou cama de aviário também podem ser usados na base de 5%.

11- Valor nutritivo das silagens

Plantas de milho e de sorgo, quando adequadamente ensiladas, são boas fontes de energia (60% a 70% de NDT); contudo, são deficientes em proteína (7% a 9% de PB). 
A silagem de sorgo equivale a 80%-90% da silagem do milho por conter menor quantidade de grãos, apresentar maior perdas de grãos nas fezes dos animais e talos de menor digestibilidade. 
As silagens de capins, geralmente, estão associadas a maior risco de perda e apresentam conteúdo energético inferior às silagens de milho e de sorgo (56% a 60% de NDT).

12- Avaliação de silagens

Uma boa silagem deve ter cheiro agradável e cor clara. Grandes quantidades de efluentes escorrendo indicam a possibilidade de fermentação inadequada. Uma silagem muito seca indica que pode ter havido problemas na compactação. A presença de mofo é um indicativo da presença de ar oriundo da má compactação ou da vedação inadequada. O pH de uma boa silagem deve ser inferior a 4,2. A análise de ácidos orgânicos deve indicar valor acima de 2% de ácido lático e inferior a 0,1% de ácido butírico da matéria seca. A degradação de proteína é um sinal de fermentação indesejável e o nível de nitrogênio amoniacal de uma boa silagem deve ser inferior a 11% do nitrogênio total.


13- Conclusão

Em geral, as silagens apresentam qualidade nutritiva muito baixa. Há necessidade de um maior acompanhamento do produtor, visando melhorar significativamente a qualidade, obtendo com isto uma maior eficiência na produção animal. Objetivo principal que o produtor deve alcançar, através da escolha do híbrido de milho e da correção dos seus erros de manejo, ano após ano, safra após safra.

14–  Referências Bibliográficas (Links)

http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/divulga/GCD02.html

: “Inter-relações entre a anatomia vegetal e a produção vegetal”

     A anatomia vegetal tem relevante destaque na Agronomia, principalmente na Fitotecnia, afinal é o corpo do vegetal o seu principal recurso. As práticas agriculturáveis exigem uma atenção especial na relação dos diferentes vegetais com os diversos manejos pois, o corpo do vegetal está dinamicamente relacionado com essas práticas.
     A expressão da organização estrutural dos vegetais na Fitotecnia é ampla e distribuída nas várias áreas de estudo da mesma. Há supervalorização das práticas monoculturáveis onde ocorrem excessiva reprodução de determinados microrganismos e animais herbívoros que causam danos às culturas. Nas monoculturas não há diversidade vegetal,conseqüentemente, não há diversidade animal. É comum o uso de agrotóxicos para resolver esses problemas, contudo as pesquisas sobre resistência estrutural vêm justamente revelar aspectos muito interessantes que colaboram com a possibilidade de minimizar o uso de agrotóxicos, além de expressarem a preocupação para o entendimento do dinamismo do vegetal frente às condições impostas pelos manejos.
     Os conhecimentos de Anatomia Vegetal destacam-se quando se trata da propagação vegetativa, pois a identificação dos aspectos estruturais é importante para o sucesso da propagação, a qual depende da regeneração de tecidos vegetais. A escolha da amostra utilizada para a realização da propagação depende do conhecimento das potencialidades dos tecidos vegetais. Além disso, as substâncias reguladoras de crescimento utilizadas nessas práticas interferem na formação das células e tecidos.
     Outra relação importante com a organização estrutural está na nutrição do vegetal. Evidentemente, a nutrição mineral contribui com a composição da organização estrutural, quando a planta recebe ou deixa de receber macro e micronutrientes evidenciam-se alterações em sua estrutura. A nutrição mineral, por sua vez, pode ter efeito secundário sobre a resistência de plantas ao ataque de pragas e doenças, condições do solo, da água, da luz, da temperatura, exercem influência sobre as características estruturais do vegetal.
     Os estudos na Produção Vegetal, na maioria, são relacionados às grandes culturas (monoculturas). A visão a respeito dos organismos biológicos é diferente da visão ecológica, muitos seres vivos são considerados como causadores de problemas e não como um conjunto de organismos que atuam em interdependência.
     Estruturas de revestimento do corpo vegetal na relação com a Fitotecnia - As relações entre os tecidos de revestimento e a produção vegetal expressam-se principalmente na fitopatologia, na forragicultura e na propagação vegetativa. Substâncias geralmente são depositadas nas estruturas de revestimento dos vegetais, tanto na superfície, quanto no interior das células de revestimento, principalmente das folhas. Além de muitas substâncias constituírem-se em matéria-prima (resinas, ceras, celulose, cortiça, dentre outras) para diversos usos, elas também expressam peculiaridades nas diversas áreas da Fitotecnia.
     Algumas substâncias presentes ou depositadas na epiderme das folhas e a interrelação  com a produção vegetal são:
     -Suberina: Pré-existente ou depositada pós-traumatismo. Comumente depositada em ferimentos de modo geral, a camada de células suberizadas é denominada periderme de cicatrização.
     -Sílica:  Pré-existente ou depositada pós-ferimentos. Considerada como resistência aos patógenos.
     -Gomas, resinas, látex, mucilagem : Comumente depositada em ferimentos, mas também são sintetizadas naturalmente emalgumas plantas. São consideradas como resistência aos patógenos.
     Microrganismos considerados patógenos podem depender ou não de pressão mecânica para entrar na planta hospedeira. Além disso, a cutícula possui regiões descontínuas como em células secretoras de tricomas glandulares, em papilas de certas flores e até mesmo poros, os estômatos são estruturas importantes para a Produção Vegetal, pois representam a porta de entrada e escoamento dos gases para a fotossíntese,processo primordial relacionado à produtividade vegetal, além de serem também porta de entrada para microrganismos. As diferentes espécies de plantas variam quanto ao número, freqüência, tamanho, distribuição, forma e a mobilidade dos estômatos, o que conseqüentemente interfere na capacidade fotossintética destas, o comportamento dos estômatos tem relação direta com as condições abióticas.
     Os tricomas, tal como a cutícula e estômatos, também se manifestam de diferentes maneiras de acordo com as condições oferecidas às planta.
     Estruturas componentes da organização estrutural interna (células, tecidos e substâncias) na relação com a Fitotecnia - As relações entre os tecidos comumente lignificados e a deposição interna de lignina com a produção vegetal expressam-se principalmente nas áreas da Fitopatologia e da Forragicultura.
     A lignina é considerada substância resistente aos patógenos, pois dificulta sua colonização. Porém, isso não inviabiliza o acesso dos patógenos ao interior das plantas. Assim, as plantas tentam se defender dos invasores com a formação de novas barreiras estruturais, como a deposição de lignina e outras substâncias, já para a Forragicultura a
lignina é considerada um empecilho à degradação pelos microrganismos que habitam o rúmen.
        Tecidos parenquimáticos podem exibir resistência aos patógenos, mesmo sem apresentar lignificação. A resistência nesse caso é atribuída à organização e às características das células. Diferentes tratos culturais utilizados na produção vegetal provocam alterações na organização estrutural dos vegetais, incluindo os parênquimas.
     Através da análise dos trabalhos pode-se identificar que o comportamento dos vegetais não permite uma padronização devido à dinamicidade e complexidade dos diferentes seres vivos, dos variados ambientes e de suas inter-relações, a complexidade sistêmica aumenta, por um lado, com o aumento do número e da diversidade dos elementos e, por outro lado, com o caráter cada vez mais flexível, cada vez mais complicado, cada vez menos determinista das inter-relações.
     Uma planta pode manifestar sua resistência sob determinadas condições e manter ou não esse caráter em outras condições, a grande proporção de lignina, componente estrutural das paredes celulares, é limitante no sentido da qualidade da forragem para a produção animal, pois não é uma substância degradada pelos microrganismos ruminais, já a maior proporção de lignina é barreira física contra microrganismos considerados patógenos. A lignificação proporciona aumento na resistência das paredes à ação de enzimas degradadoras da mesma, na difusão de toxinas do patógeno em direção ao hospedeiro e de nutrientes da planta hospedeira em direção ao patógeno e restrição à colonização por patógenos.
     Quanto mais espessa a cutícula e mais compacto o parênquima clorofiliano, mais resistente é a planta aos patógenos. Porém, no caso de ser uma planta forrageira essa condição pode reduzir a digestibilidade ruminal.
     A condição estrutural do vegetal muitas vezes é uma razão indireta de dada situação o que inviabiliza também análises reducionistas e padronizadas.


 Bernardo Chaves Machado
Graduante 7° Periodo em Engª Agronômica
            UEMG-ISAP

segunda-feira, 21 de março de 2011

Formação de Solos

      Camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos Esta é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880.
      O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe atentamente a seqüência abaixo:

      1) Rocha matriz exposta.

      2) Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a  rocha vai esfarelando-se.

      3) Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a  decompor a rocha através das substâncias produzidas.

      4) Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.

      5) Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.
      6) O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.
      7) Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
      8) O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.
Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para tornarem-se produtivos. 

           A Mecânica dos solos lida com várias propriedades e características dos solos avaliadas por meio de exames e ensaios laboratoriais executados sobre amostras de solos. Nos problemas ideais, as grandes massas de solo são consideradas homogêneas de forma que as propriedades físicas em qualquer ponto dessa massa sejam idênticas àquelas determinadas emlaboratório com algumas amostras representativas do terreno.    Mas como infelizmente os solos resultam de processos naturais complexos esse processo não pode ser considerado verdadeiro, pois a situação raramente corresponde à realidade, porque a maioria dos solos naturais é heterogênea.

           Assim, para avaliar conscientemente as propriedades de uma extensa massa de solo a partir de ensaios  laboratoriais executados com um número limitado de amostras é fundamental compreender os processos responsáveis pela formaçãodos solos e como estes influenciam nas respectivas propriedades.

      É uma crença comum de que o solo é um agregado de partículas orgânicas e inorgânicas sujeita a uma desorganização total. Na realidade se trata de um conjunto apresentando propriedades que variam segundo uma organização definida.

      Geralmente as propriedades na direção vertical variam muito mais rapidamente que na horizontal.
 1-Tipos de Formação

       1.1-  Latolização


      Os solos formados a partir desse processo pedogenético, são os mais velhos da crosta terrestre, ocupando assim as partes mais exposta da paisagem. Em geral ocupam os pontos mais elevados em relação à paisagem em seu entorno.

      Essa classe de processos consiste na remoção das bases e de sílica do perfil, após a transformação do material constituinte. São solos bastante intemperizados com pouca ou nenhuma diferenciação entre horizontes.
Como a sílica e outros elementos vão sendo lixiviados, há um enriquecimento em óxidos de Fe e de Al, dando à massa do solo um aspecto maciço poroso, aumentando a macroporosidade.



1.2-Podzolização


      Consiste essencialmente na translocação de material de horizontes superiores normalmente A ou E, acumulando-se no horizonte B. Os solos que sofreram o processo de podzolização têm os horizontes bem diferenciados, em razão da translocação de material da superfície para o horizonte B. Os solos com B podzol bastante pobres e ácidos, visto que a vegetação se decompõe e imprime grande acidez, já, os solos com horizonte B textural são mais férteis, apresentando mais argila no horizonte B que no A.



1.3-Hidromorfismo


      O excesso de água imprime ao solo certas características peculiares. O arejamento deficiente condiciona uma decomposição lenta da matéria orgânica, provocando seu acúmulo em um ambiente de redução, que transforma Fe e Mn em formas reduzidas facilitando sua migração ou a toxidez para as plantas.

      Existe um grupo de solos onde o efeito de hidromorfismo é marcante, sendo denominados solos hidromórficos, tais como: Solos Orgânicos, Glei Húmico, Glei Pouco Húmico, Hidromórfico Cinzento, Planossolo, Podzol Hidromórfico, grande parte dos Plintossolos, alguns Vertissolos e alguns solos salinos-Solonchak e Solonetz Solodizado.      
Quando drenados naturalmente ou artificialmente, podem apresentar deficiência de Fe e Mn, que são levados para fora do alcance das raízes. O Mn é reduzido mais rapidamente do que o Fe, porém é reoxidado mais lentamente. O cobalto comparta-se de maneira semelhante, mas sua deficiência se reflete nos animais.


1.4-Tiomorfismo


      Devem apresentar materiais sulfídricos ou horizonte sulfídrico, dentro de 100 cm a partir da superfície. São contudo inadequados para uso agrícola, aterro sanitário, aplicação de efluentes, áreas para recreação, cemitérios pois são solos situados em planícies aluviais, com lençol freático muito elevado.

      Devido aos compostos de enxofre e a possibilidade de produzirem intensa acidez quando drenados, apresentam sérias limitações quanto à corrosão a metais.


      1.5-Calcificação


      Esse processo consiste na translocação de CaCO3  no perfil, o que provoca a sua maior concentração em alguma parte do solo. A área mais comum para que este fato ocorra é nas regiões onde a precipitação não suficiente para remover do solo todos os carbonatos. A vegetação é de padraria, havendo um grande acúmulo de matéria orgânica, há formação de horizonte A espesso, rico em M.O. e com alta saturação por bases.


1.6-Halomorfismo


Os solos halomórficos estão em depressões onde possa ocorrer excesso de sais e de água, temporariamente. Os sais são trazidos das elevações circunvizinhas pela enxurrada ou pelo lençol freático. Muitas vezes o local é rico em sais devido à depósitos marinhos.

2-Processos de Formação


      É importante visualizar os solos como corpos dinâmicos naturais, cujas características (como a de um ser vivo) são decorrentes das combinações de influências que recebem. Como o solo é substrato onde evoluem outros sistemas, tais características irão também influenciar na evolução de diferentes componentes das paisagens como: relevo, vegetação, comportamento hídrico.
   O processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à formação de partículas não consolidadas.

  2.1-Intemperismo Físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas (morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos minerais antes coesos, acarretando no aumento da superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura. Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão origem a tensões que conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as. A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e contração. Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios existentes, também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de rochas e desagregação.
  A superfície exposta ao ar e a água, aumentada pela fragmentação, abre caminho e facilita o intemperismo químico.

2.2-Intemperismo Químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de compostos que reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio (hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes não continham nenhum destes elementos. Muitos minerais secundários formaram-se por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum em climas tropicais úmidos. 

2.3-Intemperismo Biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus nutrientes essenciais para organismos vivos e plantas que crescem em sua superfície.
 À medida que o intemperismo vai atuando (tempo), a camada de detritos torna-se mais espessa e se diferencia em subcamadas (horizontes do solo), que em conjunto formam o perfil do solo. O processo de diferenciação dos horizontes ocorre com incorporação de matéria orgânica no seu interior. Partículas migram descendentemente, levadas pela gravidade e até realizam movimentos ascendentes carregadas com a ascensão do lençol freático. Ainda, deve ser considerada a atuação de plantas, cujas raízes absorvem elementos em profundidade e estes são incorporados à superfície.
Na verdade, a origem e evolução dos solos são condicionadas por cinco fatores:


2.3.1-Material de Origem:

A ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais constituintes, sua estrutura e composição mineralógica;




2.3.2-Clima:

 Precipitação e temperatura regulam a natureza e a velocidade das reações químicas. A disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem acelerando ou retardando as reações do intemperismo;


2.3.3-Relevo:

 A topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais. Isto interfere na quantidade de água que infiltra e percola no solo. Este processo (em tempo suficiente) é essencial para consumação das reações e drenagem;

2.3.4-Microrganismos:

 Adecomposição de matéria orgânica libera gás carbônico cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso diminui o pH das águas de infiltração. Alguns minerais, como alumínio, tornam-se solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam desta condição para se desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos orgânicos secretados por liquens, influenciam também os processos de intemperismo.Assim como raízes que exercem forca mecânica nas rochas que pode acarretar em sua desagregação;

2.3.5-Tempo:

 Variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos constituintes do material de origem e do clima. Em condições de intemperismo pouco agressivas é necessário um tempo mais longo de exposição para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.


       Os fatores da gênese dos solos definem a estrutura, o tipo e até a nutrição desse solo pois os minerais determinam a cor, os horizontes e em geral todos os aspectos físicos do solo. 
       Aspectos cultiváveis, pH, valor saturáveis por bases, capacidade de trocas catiônicas são influenciados pela a gênese.
         

 Referências Bibliográficas


Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos – 2º edição – Embrapa
Pedologia – 5º edição - UFLA