segunda-feira, 21 de março de 2011

Formação de Solos

      Camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução permanente, por meio da alteração das rochas e de processos pedogenéticos comandados por agentes físicos, biológicos e químicos Esta é a ciência que estuda a formação do solo, e foi iniciada na Rússia por Dokuchaiev no ano de 1880.
      O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas. Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações que ocorrem na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor este processo, acompanhe atentamente a seqüência abaixo:

      1) Rocha matriz exposta.

      2) Chuva, vento e sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com o tempo a  rocha vai esfarelando-se.

      3) Microrganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços, ajudando a  decompor a rocha através das substâncias produzidas.

      4) Ocorre acúmulo de água e restos dos microrganismos.

      5) Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se desenvolver.
      6) O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de pequenos animais.
      7) Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.
      8) O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.
Todo este processo leva muito tempo para ocorrer. Calcula-se que cada centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a 400 anos! Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos para tornarem-se produtivos. 

           A Mecânica dos solos lida com várias propriedades e características dos solos avaliadas por meio de exames e ensaios laboratoriais executados sobre amostras de solos. Nos problemas ideais, as grandes massas de solo são consideradas homogêneas de forma que as propriedades físicas em qualquer ponto dessa massa sejam idênticas àquelas determinadas emlaboratório com algumas amostras representativas do terreno.    Mas como infelizmente os solos resultam de processos naturais complexos esse processo não pode ser considerado verdadeiro, pois a situação raramente corresponde à realidade, porque a maioria dos solos naturais é heterogênea.

           Assim, para avaliar conscientemente as propriedades de uma extensa massa de solo a partir de ensaios  laboratoriais executados com um número limitado de amostras é fundamental compreender os processos responsáveis pela formaçãodos solos e como estes influenciam nas respectivas propriedades.

      É uma crença comum de que o solo é um agregado de partículas orgânicas e inorgânicas sujeita a uma desorganização total. Na realidade se trata de um conjunto apresentando propriedades que variam segundo uma organização definida.

      Geralmente as propriedades na direção vertical variam muito mais rapidamente que na horizontal.
 1-Tipos de Formação

       1.1-  Latolização


      Os solos formados a partir desse processo pedogenético, são os mais velhos da crosta terrestre, ocupando assim as partes mais exposta da paisagem. Em geral ocupam os pontos mais elevados em relação à paisagem em seu entorno.

      Essa classe de processos consiste na remoção das bases e de sílica do perfil, após a transformação do material constituinte. São solos bastante intemperizados com pouca ou nenhuma diferenciação entre horizontes.
Como a sílica e outros elementos vão sendo lixiviados, há um enriquecimento em óxidos de Fe e de Al, dando à massa do solo um aspecto maciço poroso, aumentando a macroporosidade.



1.2-Podzolização


      Consiste essencialmente na translocação de material de horizontes superiores normalmente A ou E, acumulando-se no horizonte B. Os solos que sofreram o processo de podzolização têm os horizontes bem diferenciados, em razão da translocação de material da superfície para o horizonte B. Os solos com B podzol bastante pobres e ácidos, visto que a vegetação se decompõe e imprime grande acidez, já, os solos com horizonte B textural são mais férteis, apresentando mais argila no horizonte B que no A.



1.3-Hidromorfismo


      O excesso de água imprime ao solo certas características peculiares. O arejamento deficiente condiciona uma decomposição lenta da matéria orgânica, provocando seu acúmulo em um ambiente de redução, que transforma Fe e Mn em formas reduzidas facilitando sua migração ou a toxidez para as plantas.

      Existe um grupo de solos onde o efeito de hidromorfismo é marcante, sendo denominados solos hidromórficos, tais como: Solos Orgânicos, Glei Húmico, Glei Pouco Húmico, Hidromórfico Cinzento, Planossolo, Podzol Hidromórfico, grande parte dos Plintossolos, alguns Vertissolos e alguns solos salinos-Solonchak e Solonetz Solodizado.      
Quando drenados naturalmente ou artificialmente, podem apresentar deficiência de Fe e Mn, que são levados para fora do alcance das raízes. O Mn é reduzido mais rapidamente do que o Fe, porém é reoxidado mais lentamente. O cobalto comparta-se de maneira semelhante, mas sua deficiência se reflete nos animais.


1.4-Tiomorfismo


      Devem apresentar materiais sulfídricos ou horizonte sulfídrico, dentro de 100 cm a partir da superfície. São contudo inadequados para uso agrícola, aterro sanitário, aplicação de efluentes, áreas para recreação, cemitérios pois são solos situados em planícies aluviais, com lençol freático muito elevado.

      Devido aos compostos de enxofre e a possibilidade de produzirem intensa acidez quando drenados, apresentam sérias limitações quanto à corrosão a metais.


      1.5-Calcificação


      Esse processo consiste na translocação de CaCO3  no perfil, o que provoca a sua maior concentração em alguma parte do solo. A área mais comum para que este fato ocorra é nas regiões onde a precipitação não suficiente para remover do solo todos os carbonatos. A vegetação é de padraria, havendo um grande acúmulo de matéria orgânica, há formação de horizonte A espesso, rico em M.O. e com alta saturação por bases.


1.6-Halomorfismo


Os solos halomórficos estão em depressões onde possa ocorrer excesso de sais e de água, temporariamente. Os sais são trazidos das elevações circunvizinhas pela enxurrada ou pelo lençol freático. Muitas vezes o local é rico em sais devido à depósitos marinhos.

2-Processos de Formação


      É importante visualizar os solos como corpos dinâmicos naturais, cujas características (como a de um ser vivo) são decorrentes das combinações de influências que recebem. Como o solo é substrato onde evoluem outros sistemas, tais características irão também influenciar na evolução de diferentes componentes das paisagens como: relevo, vegetação, comportamento hídrico.
   O processo de formação de solos é chamado de intemperismo, ou seja, fenômenos físicos, químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à formação de partículas não consolidadas.

  2.1-Intemperismo Físico: promove a modificação das propriedades físicas das rochas (morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou separação dos grãos minerais antes coesos, acarretando no aumento da superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura. Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças bruscas de temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão origem a tensões que conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as. A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e contração. Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios existentes, também provocam aumento de fendas, deslocamento de blocos de rochas e desagregação.
  A superfície exposta ao ar e a água, aumentada pela fragmentação, abre caminho e facilita o intemperismo químico.

2.2-Intemperismo Químico: ocorre quando estratos geológicos são expostos a águas correntes providas de compostos que reagem com os componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua constituição. Esse fenômeno é o intemperismo químico, que provoca o acréscimo de hidrogênio (hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em minerais que antes não continham nenhum destes elementos. Muitos minerais secundários formaram-se por esses processos. Este tipo de intemperismo é mais comum em climas tropicais úmidos. 

2.3-Intemperismo Biológico: é caracterizado por rochas que perdem alguns de seus nutrientes essenciais para organismos vivos e plantas que crescem em sua superfície.
 À medida que o intemperismo vai atuando (tempo), a camada de detritos torna-se mais espessa e se diferencia em subcamadas (horizontes do solo), que em conjunto formam o perfil do solo. O processo de diferenciação dos horizontes ocorre com incorporação de matéria orgânica no seu interior. Partículas migram descendentemente, levadas pela gravidade e até realizam movimentos ascendentes carregadas com a ascensão do lençol freático. Ainda, deve ser considerada a atuação de plantas, cujas raízes absorvem elementos em profundidade e estes são incorporados à superfície.
Na verdade, a origem e evolução dos solos são condicionadas por cinco fatores:


2.3.1-Material de Origem:

A ação do intemperismo nas rochas depende de seus materiais constituintes, sua estrutura e composição mineralógica;




2.3.2-Clima:

 Precipitação e temperatura regulam a natureza e a velocidade das reações químicas. A disponibilidade de água (chuvas) e a temperatura agem acelerando ou retardando as reações do intemperismo;


2.3.3-Relevo:

 A topografia e a cobertura vegetal regulam a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais. Isto interfere na quantidade de água que infiltra e percola no solo. Este processo (em tempo suficiente) é essencial para consumação das reações e drenagem;

2.3.4-Microrganismos:

 Adecomposição de matéria orgânica libera gás carbônico cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso diminui o pH das águas de infiltração. Alguns minerais, como alumínio, tornam-se solúveis somente em pH ácido, isto é, necessitam desta condição para se desprender de sua rocha de origem. Outros produtos de metabolismo, como ácidos orgânicos secretados por liquens, influenciam também os processos de intemperismo.Assim como raízes que exercem forca mecânica nas rochas que pode acarretar em sua desagregação;

2.3.5-Tempo:

 Variável dependente de outros fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos constituintes do material de origem e do clima. Em condições de intemperismo pouco agressivas é necessário um tempo mais longo de exposição para haver o desenvolvimento de um perfil de alteração.


       Os fatores da gênese dos solos definem a estrutura, o tipo e até a nutrição desse solo pois os minerais determinam a cor, os horizontes e em geral todos os aspectos físicos do solo. 
       Aspectos cultiváveis, pH, valor saturáveis por bases, capacidade de trocas catiônicas são influenciados pela a gênese.
         

 Referências Bibliográficas


Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos – 2º edição – Embrapa
Pedologia – 5º edição - UFLA

Um comentário:

  1. eu estava a procura da explicação de como e feito (formado) o solo d tipo húmico
    mas não encontrei
    vocês podem adicionar essa explicação por obisequio ????

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